Anita Amizo sempre teve voracidade por papéis dramáticos. Por isso,
ponderou bastante antes de aceitar o convite para interpretar a séria
Bruna, professora de Educação Física na novela teen Rebelde, da
TV Record. "A minha personagem é muito do bem e sempre tenta disciplinar
os alunos. Mas eu sempre preferi trabalhos mais densos e com maior
carga emocional", explica a atriz de ascendência uruguaia.
Só que Anita mudou sua forma de encarar a trama jovem ao longo do
processo de gravação. "Nem imaginava a seriedade e a riqueza desse
trabalho. Não acredito que o teatro seja a única e verdadeira arte.
Admiro e respeito muito a televisão", completa.
As duras experiências pessoais foram decisivas para que Anita se
firmasse no gênero dramático. A atriz, que, aos 18 anos, perdeu o pai e o
irmão em um curto espaço de tempo, considera sua bagagem emocional mais
completa em relação aos outros profissionais. "Essas perdas fazem você
mergulhar dentro de um canal desconhecido da sua alma. E as pessoas que
não passaram por esse drama não conhecem essa vivência", afirma.
Formada em Teatro pela Casa das Artes de Laranjeiras, a CAL, no
Rio de Janeiro, Anita vê sua identificação com o lado dramático um ponto
ao seu favor na hora de ser selecionada para os trabalhos. "Eu sempre
consegui os melhores papéis porque era uma atriz que mergulhava no
drama. E isso sempre chamou a atenção dos meus diretores e professores",
orgulha-se.
Além disso, Anita assume que tem alguma semelhança física com a
atriz Juliana Paes. Mas garante que, hoje, lida muito bem com essa
característica. "No começo, achei que pudesse me prejudicar, mas agora
até me sinto orgulhosa. Mas a Juliana tem características artísticas
muito diferentes da minha", ressalta.
Apesar de inicialmente entrar em conflito com a leve temática da
trama de Margareth Boury, a intensa rotina de gravação em externas,
cenas ambientadas fora dos estúdios, foi sua maior dificuldade. "Você
precisa estar muito focada naquele momento e ignorar todos os barulhos
possíveis e imagináveis ao seu redor", valoriza a atriz, que procurou
construir a personagem baseada em suas lembranças escolares.
Natural de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Anita mudou-se
para o Rio de Janeiro em busca de espaço na tevê. Afinal, em sua cidade
há um limitado mercado artístico, além de que não possuía nenhum contato
no meio. "A cidade é pequena e as pessoas não têm o hábito de ir ao
teatro", ressalta. Ao longo de sua carreira na capital fluminense, Anita
fez diversas participações em programas da TV Globo, como Pé na Jaca e
Malhação, e tentou ingressar no cinema.
Em 2008, após ficar entre as cinco finalistas para interpretar a
protagonista Bruna Surfistinha, no filme O Doce Veneno do Escorpião, a
atriz não aguentou a decepção em mais uma escalação frustrada e decidiu
voltar para sua cidade natal. "Foi um processo de muita luta e desgaste.
Eu derrubei 2500 atrizes e não fui selecionada. Fiquei muito para baixo
e resolvi voltar a dar aulas de teatro na minha cidade", lembra a
Anita, que nesse período escreveu e dirigiu duas peças em Campo Grande.
No tempo em que permaneceu na capital sul-mato-grossense, a atriz
fez parte da companhia de teatro Mercado Cênico e viajou o país com a
peça Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre, até ser chamada para
integrar o elenco de Rebelde, no começo do ano passado.
Filha de uma bailarina de dança árabe, desde pequena recebeu uma
influência muito forte da mãe. Eu convivia com aquele estilo de dança
direto. Voluntariamente fui me encantando e me especializando. Mas passo
também pelo jazz, tango e flamenco, aponta.
Atualmente, Anita mantém o foco na carreira de atriz. Mas não
deixa de considerar a dança como um ótimo exercício físico e
psicológico. "Quem dança não precisa fazer muita coisa. Porque além de
fazer bem para o corpo, faz bem para a alma", explica Anita, que estreou
na tevê como dançarina do ventre na novela O Clone, de 2001, na TV
Globo.
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